Já todos ouvimos falar dos "terrible two" ou das birras que os mais pequenos fazem quando se vêem a braços com algo que não gostam particularmente, que não querem fazer ou face a um assertivo NÃO da nossa parte!!
No entanto, é importante reconhecermos que, na grande maioria das vezes e, ao contrário do que seria de esperar, também nós, adultos e pais, fazemos as nossas birras, nem sempre silenciosas ou discretas como poderíamos pensar à partida!!
Honestamente, quem pode dizer que nunca se exaltou de tal forma com um filho que não lhe tenha berrado ou virado as costas por algum tempo? Quem nunca ficou demasiado silencioso depois de chamar à atenção pela centésima vez num volume para além do elevado?
Pois bem, à medida que os nossos filhos crescem e após imensas leituras, investigações e debate de ideias, mais me apercebo que não é a chamada de atenção ou o berro mais ou menos repentino que provoca dano nos nossos filhos ou na sua autoestima, mas o prolongar da situação, o falar e o recalcar como que à procura de justificação para o nosso desatino, sem reconhecermos que, de facto, nos passamos!!
Somos humanos e, tal como não gostamos de ser constantemente relembrados sobre o erro ou lapso nosso, também os nossos filhos anseiam por chamadas de atenção que, embora assertivas, não os coloquem em causa enquanto pessoas merecedoras de amor e atenção da nossa parte.
Somos pais e, jamais nos podemos furtar ao nosso papel ou função de educar os nossos filhos, estabelecendo limites e regras claras e saudáveis ao seu crescimento. Todavia, isso implica uma segurança e autoestima da nossa parte que nos garanta a tranquilidade necessária para o fazer sem dramas.
É ainda nosso dever demonstrar como acalmar e gerir emoções mais intensas, regressando com naturalidade à rotina do dia-a-dia sem responder torto depois a qualquer questão dos nossos filhos. É esta leveza que nos falta após alguns momentos de conflito que torna a comunicação mais difícil e tensa, plena de medos e receios de parte a parte.
A verdade é que, tal como a clareza e a assertividade são essenciais na chamada de atenção, também é importante saber retornar ao estado de harmonia entre miúdos e graúdos, relativizando com humor e naturalidade, descomplicando tensões e assegurando que apesar do sucedido, a relação não sai beliscada.
Easier said than done... eu sei! :) Mas se soubermos qual o objetivo a atingir, saberemos também caminhar na direção certa!
Assim, proponho a todos os pais (eu inclusivé!) que ao chamar a atenção sempre que necessário aos nossos filhotes e, sem retirarmos qualquer seriedade ao nosso papel, saibamos retornar a um estado mais agradável na interação com os nossos filhos - digamos 2 minutos depois?
Garanto se o fizermos, sem fingimentos ou dramatismos, ficaremos mais leves e estaremos a ensinar os nossos filhos a ultrapassarem conflitos de forma mais flexível e agradável!
Conto convosco... mesmo!
Abraço,
Isabel Valente
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