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  • Writer's pictureIsabel Valente

Falar em público – dicas e sugestões para ajudar o seu filho a expressar-se em público!




“Fixe sua imagem na mente do ouvinte. Ouvimos com o cérebro, não simplesmente com os ouvidos.” Marcos Soares


Quando questionada sobre que competências desenvolver nas crianças e jovens de hoje que melhor os prepare para um futuro onde a única certeza é a mudança rápida e um ritmo de vida acelerado, importa destacar o espírito crítico, a relação com o outro, a capacidade de aprender, o trabalho e a resiliência como características indispensáveis a qualquer indivíduo de futuro.


No entanto, é na competência de comunicação que reside o poder transformador de qualquer ser humano sobre si mesmo, sobre o outro e sobre o mundo. Por conseguinte, acredito que é essencial desenvolver nas nossas crianças e jovens a capacidade de comunicar e falar em público, não apenas na forma como o fazem, mas também sobre forma como estruturas as suas ideias e argumentos e os quais dão conteúdo à sua comunicação.

Saber expressar-se presencial e publicamente é e será indispensável no quotidiano de vida ativa de qualquer jovem adulto e constitui-se como fator diferenciador na gestão de pessoas, criatividade e inovação. Contudo, se a evolução tecnológica nos habituou a partilhar conteúdos e opiniões via e-mail, fotografia ou mensagem sempre mediados por um computador ou dispositivo móvel, até que ponto estamos a investir na capacidade de partilhar ideias de forma presencial, marcante ou diante de um grande número de pessoas?



Compreendendo, porém, que todas as crianças e jovens, sendo distintos na forma como encaram a necessidade de falar em público, encerram em si mesmos um grande potencial de melhoria, torna-se indispensável desenvolver esta competência desde tenra idade, criando oportunidades de experimentar, errar, melhorar em pequeno ou grande grupo de forma natural, simples e livre de preconceitos. Pois, mais do que criarmos “mestres de oratória”, queremos criar crianças que se saibam expressar e posicionar de forma natural, polida e cada vez mais espontânea em frente a qualquer público.


“Aprender a falar em público melhora as capacidades de comunicação e aumenta a nossa confiança. Para além disso, saber falar em público ajuda a criança a desenvolver outras habilidades importantes como saber argumentar, debater ou organizar-se. (…) É necessário que as crianças aprendam a perder o medo de fazê-lo e a comunicar suas ideias.”

In “Guia Infantil.com” por Vilma Medina (consultado em julho de 2019)


Esta é uma caminhada contínua e partilhada, onde pais, alunos e professores deverão cooperar no sentido de minimizar dificuldades e valorizar conquistas, percebendo que o desconforto será apenas saudável até certo ponto e que este jamais se deverá tornar em choro, dores de barriga ou medo que os impeça de dormir ou brincar antes de qualquer momento de apresentação.


Nesse sentido, deixo-vos 5 recomendações que poderão ajudar pequenos e graúdos a trabalhar a capacidade de falar em público de forma espontânea e natural:


1. Promova hábitos de comunicação oral nas crianças para evitar o medo de falar em público.Quanto mais quotidiana forem estas situações, mais simples e natural se tornará para elas falar em público. Gira, porém, as expetativas de modo a não criar tensão em si ou na criança.

· Peça à criança para fazer pequenos recados tendo em conta o seu grau de autonomia; desde pedir o menu ou a conta no restaurante, pedir ajuda a um vendedor para encontrar alguma peça ou tamanho ou ir à frutaria ou pastelaria do bairro fazer pequenas compras. Estas são situações que promovem a autonomia e valorizam a autoconfiança da criança ao cumprir com um objetivo bem claro. Não se admire, no entanto, se houver episódios de esquecimento pelo meio, falta de troco ou perda de dinheiro… lembre-se avanços e recuos fazem parte!


2. Incentive-os a pensar pela sua própria cabeça e a exprimir a sua opinião, contrária ou não, de forma ajustada e respeitadora! Integre no seu quotidiano o hábito de falarem à mesa, de colocarem questões, dilemas ou desafios que os façam pensar e refletir sobre diferentes temas e, em vez de expor à partida o seu ponto de vista, devolva a questão e… saiba ouvir, esperar, questionar e valorizar as suas opiniões sem demasiados “mas”. Deixe claro que, independentemente da questão ou situação, é legítimo “concordar em discordar”. Aproveite ainda situações do quotidiano onde alguém foi menos correto e, em vez de julgar, questione-os como poderiam ter agido melhor na mesma situação.



3. Cultive a escuta ativa e a empatia com o objetivo de integrar o outro e a sua opinião.Ensine o seu filho sobre a necessidade de dar espaço para que o outro se exprima, sobre a necessidade de calar e escutar para compreender, mais do que para responder; da necessidade de valorizar e integrar a perspetiva do outro e, se necessário for, mudar de opinião, sem dramas ou frustrações.


4. Valorize os momentos de apresentação na escola, desdramatizando medos e ansiedades e valorizando o empenho e a preparação do seu filho. Mostre-se disponível para o ajudar a preparar-se, aconselhe-o e faça recomendações se este lhe pedir, mas deixe que seja a criança a decidir como fazer. Ao dar-lhe esta oportunidade estará a construir também o seu sentimento de autoeficácia! Caso não corra tão bem na escola, porque a criança estava ansiosa ou nervosa, centre-se em aspetos positivos e saiba esperar por um momento mais íntimo e relaxado para lhe dar dicas ou estratégias para se superar com naturalidade e simplicidade.




5. Incentive-o a explicar sobre o que vai falar, sem decorar ou sem leituras excessivas, pois estas limitam a sua naturalidade e originam tensões e inseguranças desnecessárias. Assegure-se que de facto compreende o tema que irá apresentar para que na hora H, consiga ser espontâneo no seu discurso. Para tal, basta que o questione sobre o tema e o objetivo da sua apresentação. Caso não esteja claro para si ou para ele, é necessário que melhore a sua preparação.


Assim, procure mostrar ao seu filho, criança ou jovem, que a oportunidade de se expressar oralmente é sempre positiva desde que seja genuíno e tenha como base o respeito, a humildade e a escuta ativa. Para além disso, independentemente do patamar de onde parte, esta é uma capacidade que se trabalha e aprende ao longo da vida. Por conseguinte, independentemente da idade, a capacidade de falar em público é algo possível e tangível, desde que se trabalhe para tal.


Isabel Valente, Mestre e formadora em educação.

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